Errar só pode ser consequência de não esperar o tempo passar.
Porque age na frente do relógio, com a sensação dele ter quebrado.
Quebra o tempo, a barreira de espaço e a própria cara.
_ Mas já está feito!
diz o outro
Não indagou enquanto podia falar.
O tempo passa e fica apenas com os batimentos aflitos do coração.
Arruma as malas e não tira nada de dentro delas.
_ Você não cansa de se procurar nos cantos da sua cabeça?
Mala no canto da sala e volta a tocar a mesma musica.
O tempo não passa onde não tem mar.
Chove por esperança que tudo se alague
_ Você é o seu próprio lar.
Afoga... em xícaras sujas de café solúvel.
Reconhece no próprio desespero o corpo parado.
Sentado há dias, em vertigem pelo seus pensamentos.
_ Olhe para frente, disse para frente.
Tenta mas sempre há um vento soprando a nuca.
De modo à esfriar a alma e olhar para atrás.
Calafrios e já não lembra das coisas ruins.
_ Você pode até se atravessar.
Inconcluso porém preciso na sua decisão
Sai do sofá, caminha pela sala vazia
Como fosse tomar uma outra decisão, para.
_ De alguns passos até a sacada.
Respira e inspira fundo, percorre o corredor
olha profundamente para os olhos do outro
com o dedo apontado numa força bruta... para o espelho e diz:
_ Não mate meu silencio de corrigir!
Fredericco Baggio