segunda-feira, 28 de maio de 2012

Das séries dos desencontros e aqueles que invento.




Primeiro encontro.

_ Odeio quem fuma... acho que todos os fumantes tem uma tendência a serem suicidas! Aquela merda mata e afoga quem está do lado. Esses dias vi uma menina na rua... com um crise de tosse horrível - deu uma pausa para tomar mais um gole do Wisky caro e seguiu ainda mais desinibido - e quando sua tosse parou ela tirou um cigarro da bolsa e acendeu. Não acreditei naquela cena.
Olhou no fundo dos meus olhos - era o primeiro encontro - sorriu, tomou mais um pouco do Wisky e perguntou:
_ Você não fuma, né?
_ Você tem uma arma?

(Fredericco Baggio)
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Reencontro

_Meu Deus... quanto tempo que não te via - me abraçou forte e me olhou nos olhos - pensei tanto em você esses tempos atrás, dos tempos que passávamos horas naquele café charmoso, que já até fechou - fez um carinho no meu rosto, enquanto me observava. Você está diferente, mas está bonito. Cretino, você sumiu por muito tempo...
_ Obrigado... são seus olhos e não sumi tanto tempo assim.
_Nossa, o que houve, você estava viajando?
_Sim
_Que delicia, por todo esse tempo viajando, seu metido. Por onde você andava?
_ Para dentro.

(Fredericco Baggio)

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O Encontro

Quando acordou pisou diretamente no chão por acidente. Não andava descalço há muitos anos. Se assustou porque tinha o cuidado de deixar os chinelos bem limpos e já posicionados para quando acordasse já os colocasse! Misteriosamente notou que tinha acordado com a cabeça nos lugar dos pés e os pés no lugar da cabeça... tinha virado-se durante aquela noite, de sua posição de costume. Assustado voltou imediatamente para a cama na posição que sempre acostumou dormir e acordar, antes mesmo de voltar os pés para a cama esfregou um n'outro com a intenção de limpar-los, mas foi em vão. Conseguiu sentir ainda alguns ciscos na planta do pé e incomodado passou a mão direita no pé esquerdo e sua mão esquerda no seu pé direito. Voltou na posição como pudesse dormir de novo e lembrou que tinha dormido do avesso!
Assim que se pôs a buscar seus chinelos em volta da cama e não os encontrou, pensou que ainda estava dormindo e um pouco louco, talvez. E naquele segundo, não se pôs a lembrar o que tinha passado a noite, mas no tempo que já dormia sozinho...
Até voltou as lembranças da infância, o que o encorajou para colocar os pés diretamente ao chão!
E assim o fez... e sentiu uma liberdade como há muito tempo não ousava sentir! O chão fresco o fez logo ficar em pé e acender a luz do quarto. Ficou observando como era pisar de volta ao chão e não pestanejou em atravessar a casa quase correndo e ir até a grama do seu quintal.
Causou uma sensação inesperada, para aquele homem que já vivia só há tanto tempo.
Se arrepiou inteirinho sentindo a grama massageando os vãos de seus dedos e chorou de soluçar.
Chorou, porque ele tinha deixado... deixado para trás tantas coisas em meio a sua solidão.
Por opção dentro da sua própria solidão... ele se deixou... e naquele momento estava no seu primeiro encontro!

(Fredericco Baggio)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

É de manhã







Me viu deitado sobre sua cama naquela manhã quente de outono e não suportou somente a ansiedade das suas mãos deslizando sobre minhas costas e disse: 
_ Acorda e faça um café para gente. - falou quase que sussurrando em minha orelha esquerda.
_ Que foi? - ainda com a voz rouca.
_ Vai... acorda e faça um café para gente! - repetiu em voz firme e com sua mão ainda acariciando minhas costas. Não era condizente o tom de voz com as caricias.
_ Não acredito que você acordou primeiro e não fez café para gente. - ainda limpando os olhos, sentando na cama e inconformado. 
Então deixou de tocar minhas costas e agachou-se na minha frente, me observou, sorriu e disse:
_ Se eu tivesse feito o café teria perdido de também beber-te.

(Fredericco Baggio)

terça-feira, 8 de maio de 2012

Meus labirintos naturais.






Morar-me, ser de dentro e não poder entrar nessa casa em que me habito, é como caminhar em um grande labirinto natural.
A cada nova estação galhos novos surgem, flores em lugares antes nunca vistos, folhas secas que mudam com os ventos. 
Deve ser por isso que eu mesmo me perco, que não me caibo e me reinvento a cada estação.
No final escrevo para ao menos marcar por onde eu passei 

(Fredericco Baggio)