quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Ser Artista em Sampa-Crise...


Nasdak em queda... a bolsa de Tokio pela primeira vez na história em queda.

Bovespa, coitada... nem se fale. Desabou, por completo...

E pela primeira vez um dos cabeças assume... que estamos em crise... e que provavelmente... iremos sofrer com essa crise. Que nós iremos pagar pela crise. Provavelmente?

Oras bolas... é claro que iremos pagar... e caro.

Mas tudo bem, somos brasileiros e não desistiremos nunca. Porque pra desistir... você precisa comprar um revolver enfiar na tua testa e ter coragem de atirar. Ou mesmo ter coragem de pular do 11º andar... porque essa seria a única maneira de desistir.

O que mais me preocupa... é o Ser Artista, no Brasil. Na verdade o fato de Ser Artista... enaltece, enobrece... me deixa feliz. Mas como nosso governo vai cortar... a grana para a cultura... é a parte que me toca... que me preocupa. Afinal de contas... essa grana para a cultura... sempre foi bem baixa e quase impossível de captar.

O Ser Artista (se é que cabe a mim, dar uma breve descrição) é sempre feliz e preocupado. Vive numa linha tênue da felicidade plena e da loucura mais pura. É ser indomado por regras e padrões. É cumprir um papel... de tentar dar um pouco mais de beleza a sensibilidade humana.

Mas o Ser Artista... continua firme e forte... seja com fome... ou seja com sede. Afinal, quando não se tem champanhe para beber, bebemos um vinho e quando não... bebemos uma cerveja... ou mesmo uma Pinga... e se nenhum tostão nos sobrar... bebemos água para celebrar. E lá está o Ser Artista... fazendo interpretação, musica, composição, encenação ou poesia... com a sua barriga vazia.

E quando me refiro ao Ser Artista em Sampa-Crises... falo daqueles que curtem a velha e boa boemia. Se bem que até a boemia anda com medo de sair de casa.... pela violência nas ruas. São aqueles que lutam... por ideais políticos... e tem um papel... na sociedade. É ser político. E quando digo político... não falo de corrupção. Isso é, se for possível separar Política de Corrupção. Pelo menos na teoria... são duas coisas distintas... e não eram para ser sinônimos.

Isso ainda existe? Utopia minha?

Deve ser. Porque do que ando assistindo por ai... é que estamos cada vez mais vendidos (para não dizer mais fudidos). Acho que na época do militarismo haviam mais dos Seres Artistas... com gana... com sede... com fome... em meio da tortura e do exílio. Mas nunca deixava de Ser Artista.

Mas agora artista pode tudo. Eu disse TUDO. Menos fazer arte... e quando fazem algo... tem que pensar de anti-mão... se "aquilo" vai vender. E quando digo vender... é que o Ser Artista... tem a mesma necessidade de comer, de dormir, de se vestir... que qualquer outro.

Mesmo na terra de Sampa-Crise cinzeta... o Ser Artista... vai levando... vai tentando...


Fredericco Baggio


sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Para suas medidas...




Ainda me lembro da sua cara bonita

Acredita? Tem crença? Reza?

Mas ainda não me esqueci

Das juras eternas de amor (em minúsculo)

Que nunca se consumaram

Das inúmeras horas desbeijadas

Dos terríveis desabraços

Que o meu corpo sofreu do lado do teu

Dos seus suspiros desovando de dentro de ti

Cuspindo pra fora a paixão que você tinha por mim.

 


Você foi a maior loucura da minha vida

Você acredita? Tem crença? Reza?

Começa a rezar, a sorrir, a desesperar

Pois enquanto ta se esvaindo

Tem gente chegando sem parar

Batendo na porta para entrar

Tenho olhos só pelo o que doeu

Tenho medo do que deixou de doer

Do “mundinho” que me deu, para viver

Indo embora, sem nenhum desfeche

Com uns cem fins de histórias


 

Você foi a pilastra de sustentação das minhas loucuras

Alguém acredita? Tem crença? Reza?

E eu pensei que todas as velas eram para iluminar

nossos caminhos... que agora andam no escuro.

A vela Sete Dias também já terminou

E no final do túnel, não há nenhuma luz

O desprezo é o pior presente da humanidade.


 

Você foi o que eu chamei de “Presente de Deus” da minha vida.

Acredita? Tem crença? Você reza?

Deus não deve existir, não da maneira que quis

E eu devo estar diluído na tua memória

Também tenho medo do desconhecido

Mas chego a pensar que eu to pronto pro novo

Nada de novo e você não entende nada do que eu digo

Você não sente nada, como eu sinto

Você dorme, enquanto eu respiro


 

Você ainda tem os olhos verdes, meio que pus de ferida

Acredita? Você tem crença? Reza?

Eu desacreditei nas perdições do nosso tempo

Ta chovendo aqui dentro ainda

Mas como todo mal tempo

Acaba, desaba e desemboca em algum lugar

E você ainda leva um tiquinho da minh’alma

Quanta liberdade te dei e já disse;

_ Se pelo menos seus centímetros fossem compatíveis

Com seu caráter, com suas juras, com que me disse.


 

Você continua calando tua alma, como fosse despedida

Acredita? Tem crença? Reza?

Não posso ficar calado

Rodando horas de meus relógios ao contrario

Tentando corrigir o que você sustentou

Durante todo tempo, que falava que era nosso

Agora é a minha despedida, este show acabou

Mais uma vez, os aplausos silenciando aos pouquinhos

Os cochichos da nossa platéia acabando, as cortinas fechadas

_ EU ESTOU PRONTO!

Adeus...

 


Fredericco Baggio


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Santa Ave Sem Vergonha





Meus pais sempre me enganaram 
com a sem vergochice da Cegonha
Toda essa não malícia, me fez creditar
até mesmo no Papai Noel

Agora entendo que a Ave
Não tem nada haver com isso
e só pelo fato do meu pai ter fudido
com total desespero a minha mãe 
eu to aqui:

Menino, poeta, cantor, ator, amador
Amo a dor constituída por eles três
Meu pai
Minha mãe
e a Cegonha... sem vergonha.


Fredericco Baggio


quarta-feira, 15 de outubro de 2008

FANTASMAS...





Muda de tom de voz
e me faz tirar a roupa
do varal.

Tira a minha musica favorita
me obriga a dançar na varanda
em silencio.

Senta na minha mesa
observa a posição dos talheres
me tira fome.

Toca nas marcas das paredes
como fosse minha pele
e eu arrepio.

Cansado por não existir mais aqui
saio da casa... vagando
feito um fantasma.

Fredericco Baggio

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Sozinho? Nunca...





E quem disse que eu falo sozinho? Eu falo comigo mesmo e em alto e bom som.
Apenas pra tentar me compreender... apenas pra sentir como é que os outros me ouvem. 
Sim, eu ando é falando comigo.

Fredericco Baggio

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Pelo mesmo motivo... que (ESPERO)





Hoje daria uma parte da minha Vida
Pra te encontrar...
Dias que peço colo, socorro
Me sufoco sozinho
Tiro meu sangue

Tem horas que olho no espelho
e não me estranho mais...

Babe, você já tinha que ter chego
Para cada café ansioso
Pra te encontrar...
Dias que corro de mais
Tempos que fumo para mais

Tem horas que olho no espelho
e não me estranho mais...

Fredericco Baggio

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PS: Existem coisas... que escrevi... que faz o mesmo sentido... que é pelo mesmo motivo... que espero.
Segue: 

É quando me transbordo de felicidade... preciso de ti, para me enxugar.

Fredericco Baggio

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Quero mergulhas em teus olhos...
sentir o teu cheiro...
abraçado ao meu corpo. 
E se não quiser dizer nada
Por favor, não diga.
E se acaso... neste momento
Meus olhos se encherem de lágrimas...
Não se assuste...
Provavelmente estarei acessando
a tua alma, o teu corpo, o teu espírito.
E é nessa emoção
que te peço a permissão
Que quero viver.

Fredericco Baggio

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Menino, quieto...





Por tempos dentro da morada
toda poesia incomodava
os habitantes todos

Não entendiam

E olhares eram trocados
desconfiados
entre a mamãe e a geladeira
com sua porta entre aberta

No quarto a cômoda cheia
olhava assustada 
para o papai
e em silencio trocavam confissões

E o menino, quieto
sob os olhares 
compreensivo da cadela
só fazia sentir os barulhos
da caneta no papel...
ele só fazia poesia.

Fredericco Baggio

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

ESPERO...






Enquanto você não vem
Ando preparando a mesa pro café
Espero... e quando chegar
Espero... que nem veja a mesa.
Olha pra mim... e esqueça o café...
Vamos assistir o sol juntos...
Caminhar descalços pela grama de um parque qualquer

Espero...  enquanto você não vem.
Sonho acordado contigo

Espero... sentar na beira do mar
Deixando seus pés roçando nos meus...
Te espero...


Fredericco Baggio

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Tempos comigo...





Demorou um bocado de tempo para entender.
Acho que na verdade não é bem entender... é acalmar o que a Vida me trouxe.
Reconhecer na inocência dos dias, toda calma e toda malícia.

Essa transformação... dos choros, sorrisos, do sono (feito e perdido), e de tudo que atravessa em mim vão virando palavras... conclusões.

Mesmo agora que minhas mãos acariciam meu rosto e peito por falta de um outro.
Nessa falta do outro é onde me reconheço, neste momento que minhas mãos perdidas tocam os meus pés... e eles se reconhecem... é que vejo que no final da opera... no findar da obra divina... o Mundo está comigo.

Fredericco Baggio

sábado, 4 de outubro de 2008

De volta para casa...



Aguaí, 5 outubro de 2008. 1:11hs da manhã.

Mamãe acaba de ir dormir... depois de longas histórias sobre a vida dela.
Juro e confesso... Estou emocionado demais. Acho que por muitas vezes me ausento daqui, por uma série de motivos - trabalho, correria, a viagem que sempre me cansa, a vida de adulto, etc.

Mas hoje, minha mãe do nada começou a contar da sua infância e adolescência aqui em Aguaí.
Eu sempre soube um pouco... das dificuldades passadas... embora se tinha terra por aqui. Mas terra não se come.

Entramos numa sessão... de volta pro passado mesmo. Fiquei analisando cada palavra dita por minha mãe.

Só para quem não conhece minha mãe (e eu sei que eu sou suspeito pra falar dela), ela é uma mulher mega forte... acho ela linda (não só fisicamente) e tem um sotaque típico do interior do estado de São Paulo... a voz mansa e forte. Não sei exatamente a idade da mamãe, não por displicência... é que eu sou péssimo em números. Mas circula em torno dos seus 50 anos.
Tornou-se sabia demais... estuda pra caramba, sobre tudo que pode mudar a vida de um ser humano pra melhor. Digamos que mamãe estuda "O caminho da felicidade".

Voltamos à sessão com minha mãe.
Começou a falar de quando ainda era menina... que na casa dela (dos meus avós), acordavam muito cedo. Ainda não existia energia elétrica e dormiam, literalmente, com as galinhas.
"Não existia muita diversão...”, era pura brincadeira de rua. Ela teve por diversão, desde garotinha, os afazeres de casa: limpar o peixe para o almoço, ajudar minha avó encerar o chão, etc.

Depois da chegada da luz elétrica, compraram um rádio. "O radio era ligado as 5 horas da manhã, como se fosse meio dia". Ouviam "repórter Esso" e novelas pelo radio. Contou que minha bisa parava a casa por causa das novelas. Sentava de fronte ao radio e não se podia fazer um barulho. Mesmo com o radio, a diversão dos afazeres de casa, continuou.

Mais tarde, compraram a geladeira. Eu cheguei a conhecer essa geladeira... hoje seria peça de museu.
"A vó dizia que iríamos ter suco gelado (antes da chegada da geladeira)"... foi impossível conter as lagrimas... mas ainda assim as segurei nos olhos... e deixei minha mãe contar todas as histórias... de infância.

Falou de quando era mocinha... e logo começou a trabalhar: "Já tinha virado mocinha e meu primeiro trabalho era vender LP's. Eu adorava". Ufa! Descobri minha ligação musical... de alguma maneira.
Quando era jovem... aqui em Aguaí... só podia sair no sábado a noite. Saiam as 18:00hs e tinham que voltar pra casa as 21:00hs. Mas às 21hs era pra estar dentro de casa. Detalhe, só podiam sair de casa... quando não chovia.

Logo mamãe conheceu o papai. Apaixonaram-se... enlouquecidamente. Minha mãe era nova e meu pai também. Casaram-se. Eles estão há mais ou menos 33 anos casados. Meu pai é um eterno apaixonado por ela. E minha mãe descobriu no meu pai o Amor da Vida dela.

Papai hoje me fez sentar no computar para ver fotos dos meus bisavós... e contou a história deles. Ele está numa pilha animal para montar a árvore genealógica da família. E eu acho ótimo e dou todo apoio. Meu pai aprendeu a gravar DVD e CD... passar fita de vídeo cassete para DVD e anda se divertindo com isso.

Para quem não conhece meu pai (e eu sei que eu sou suspeito para isso)... ele é muito calado, religioso, simples... e lindo. Meu pai é um homem mega esforçado e lutou muito para criar os 3 filhos e cuidar da mamãe. Quando precisa, é duro e doce... na mesma intensidade. Como disse, ele fala pouco, mas quando fala (também com o sotaque do interior do estado) eu paro para prestar atenção.

Papai foi caminhoneiro e fala disso com orgulho. Sei que ele é de Minas Gerais, usa barba e adora jogar vídeo game. Como é de falar pouco, é nas ações dele que me espelho. Sabe que esse silêncio dele me deixou por tempos, incomodado. Quando vejo que meu pai está em silêncio, eu imagino que ele esteja rezando, de alguma maneira. Que ele está agradecendo, pela família que tem...

Quando nasci, na minha casa já existia geladeira, fogão, tv a cores... e logo depois chegou CD (acabando com o toca discos da sala). Em seguida computador, celular... internet... e tantas outras coisas tecnológicas. Mas cheguei a brincar na rua... e muito. E vivi as coisas de uma criança do interior, na década de 80.

E fui embora para São Paulo... mas isso é uma outra história.

A casa dos meus pais é meu maior templo.
É onde consigo me entender melhor.
É minha história...
E eu andava ausente de tudo isso.

Fredericco Baggio

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

...apenas duas...





Hoje eu senti que faltou palavras.
Foi inevitável... duas lágrimas caíram na folha de papel em branco.
Compensou... apenas duas palavras...

Fredericco Baggio

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Sensibilidade...




Você pode ter conseguido tirar a minha roupa, ter ouvido a minha respiração e talvez até meu ronco, depois de um dia cansado.
Ter vasculhado minhas gavetas, conhecido cada pinta do meu corpo e ter andado pela minha casa de olhos fechados (sem precisar de nenhum ponto de luz).
Pode até ter segurado as minhas mãos tremulas... ter limpado meus cinzeiros... e reconhecido os barulhos de quando preparo meu café amargo, para cada manhã.
Mas nunca teve sensibilidade...


Fredericco Baggio

quarta-feira, 1 de outubro de 2008