sábado, 30 de junho de 2012

Ele está alí






Ele anda inquieto pela casa como se tivesse perdido algo.
Abre a geladeira sempre que passa por ela.
Vai até o quintal e olha o céu como isso fosse mudar seu humor.
Não muda.
Fica quieto como se naquele silêncio de quando atravessa o corredor fosse achar alguma resposta!
Não acha e se perde!
Perambula pela sala e com delicadeza passa o dedo indicador sobre a superfície da mesa, até o dedo cair ao ar.
Ele quem gostaria de cair em queda livre... E sem medidas, sem sonhos, sem ansiedades.
Volta para o piano como se ainda conseguisse tocar algo e dali nem duas notas saem. Se o gato que habita a casa passasse pelas teclas, naquele momento, seria melhor que ele, na melodia.
Percorre os cômodos da casa como se fosse achar o que perdeu e de repente chora.
Chora baixinho com a preocupação de que um vizinho ainda pudesse ouvir.
É inquieto, bicho torto... Como se tivesse nascido ao contrário.
Não se olha no espelho há dias. Ele tem medo do que se pode ver através dele.
Enche cinzeiros, escuta meias músicas, o telefone não toca e o gato por fim se alimenta.
Ele não come bem há dias... E ainda conversa com as comidas.
Sentou na soleira da porta que dá vista para a rua e ali ficou.
Esperou algo que nem é podido explicar.
Tem ficado ali....Boca meio aberta, olhar distante.
Ele está ali... E às vezes até parece vivo


(Fredericco Baggio)

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Coisas da Mama Baggio.




Vasculhando minha caixa de email, redescobri um email que minha mãe enviou aos 3 filhos, há uns 3 anos atrás. Então decidi hoje "recortar" a parte que me diz, que me chega, que me toca... e que talvez me explique um pouco.

Palavra de mãe é palavra certa!

"Enfim, o amor de nossa família sempre foi tão grande que essa era a meta ou ilusão a ser cumprida.
O Fredericco, ah o Fredericco , que criança mais louca de amor , todos foram amorosos e grudados, mas o Fredericco era demais. Não desgrudava de mim nem pra eu ir ao banheiro. Era um grude sem fim. Sempre passava os maiores apertos e com ele pelo tamanho do amor que ele sempre teve. 

Hoje penso que ele se afastou por medo de sofrer por esse amor que sempre foi tão grande. E imagino que talvez ele tenha sofrido mais por esse afastamento do que se tivesse conseguido manter mesmo sabendo que um dia ia haver uma separação. O amor do Frê era tão imenso que sentiu medo da desilusão que talvez uma dia haveria de passar.
Também pudera nem conseguia desmamar do peito aos 3 anos - risos.

Sueli Baggio"