Este tango que ainda toca
Na vitrola de repetições
dos meus sentimentos.
Nossa estrutura
e a nossa estufa:
De pedras
Brotando cada dia,
mais pedras!
Voce ainda não entendeu
De que um castelo é feito?
Ao parecer suas pernas trançadas
As minhas coxas,
não te deixam pensar.
Cartas na mesa!
E a vitrola repete Piazzolla.
Os movimentos das mãos
O ensaio repetitivo dos lábios
A quase sinceridade de palavras
Repetem!
O seu vinho tinto
que manchou a toalha
meu café acelerando a toada
e o tempo
Um acordeon em um solo
De cortar qualquer palavra
Congela um par de lágrimas
Lágrimas que neste caso
são águas, que foram pedras
Que foi feito o vinho
A mesma do café.
Um castelo sempre é feito
De cartas, de tempos
Do modo que o vento
Que sopra na nuca
E lambe as pernas
Acabam com os sonhos
(em segundos)
E numa repetida
Melodia de trocas de pernas
Um tango dura mais
Que uma vida
Que uma pedra.